segunda-feira, 14 de outubro de 2013

“SPELUNKY”
PS3 / PS VITA

Explorador Maníaco



Com uma primeira versão lançada em 2009 de forma gratuita para o ambiente Windows, “Spelunky” cresceu, ganhou notoriedade e chega agora à Playstation 3 e PS Vita e logo com a possibilidade de interação entre estas plataformas. Criado pela dupla Derek Yu e Andy Hull, este simples e atraente jogo está a tornar-se num caso sério no que toca à nova onda de jogos 2D de cariz independente.

Depois de jogos como “HotLine Miami”, “Limbo”, “Escape Plan” ou “Stealth: A Clone in the Dark”, “Spelunky” ameaça tornar-se no próximo vício de quem procura ação, aventura e quebra-cabeças tendo em conta contornos simples mas que à medida que são explorados se revelam maravilhosamente intrincados e fazer perder a cabeça ao mais calmo dos jogadores.

Apostando forte neste tipo de entretenimento, a Mossmouth encarregou Yu de fazer um jogo que aposta na perícia e capacidade de memória e reação do jogador e para isso o norte-americano de ascendência nipónica revisitou o velhinho “Spelunker”, um videojogo desenvolvido por Tim Martin no início dos anos 1980 e que fazia as delícias dos adeptos dos 8 bits da Atari e, mais tarde, dos Commodore 64.

No fundo, o jogador assume o papel de um espeleologista com tiques de um certo Indiana de apelido Jones que se aventura em túneis e locais subterrâneos na busca de vários prémios e entre os quais está o tão desejado tesouro Olmec. E como isto de resgatar tesouros é uma tarefa complicada, o nosso spelunker vai conhecer terríveis inimigos que se escondem a cada esquina e que, acreditem, levam ao desespero do mais paciente dos jogadores.

À imagem do complicadíssimo “Super Meat Boy”, “Spelunky” exige do jogador a máxima atenção e concentração. Armados de um chicote e um punhado de explosivos e cordas, resta-nos desenvolver a capacidade furtiva de escapar aos super-irritantes inimigos. Ainda que cada nível possa ser superado com distinção em poucos instantes, no caso de jogadores experientes, para os menos afoitos o tormento pode durar muitos minutos com a agravante dos níveis serem gerados de forma aleatória o que torna o evoluir do jogo diferente de caso para caso.

O gameplay simples e propositadamente retro é muito atraente, leva-nos aos primórdios dos videojogos e não pensem que estão loucos se em determinadas fases do jogo sentirem a sensação de estarem a jogar o mítico “Chuckie Egg” no ZX Sepctrum.



E tal como muitos dos antigos jogos “48k”, “Spelunky” exige uma grande perícia e poder de superação mediante a crescente dificuldade do jogo. Para preparar o jogador para a árdua tarefa que o espera é oferecido um tutorial de certa forma limitado e que apenas revela conceitos básicos do restante conteúdo da aventura mas estes três níveis são um exemplo de como, por exemplo, uma simples pedra num escuro labirinto pode ser uma arma bem mais potente que uma poderosa shotgun.

Este tutorial serve também para o jogador ter a noção que a repetição constante de um mesmo nível não é sinónimo de incompetência mas sim de superação. Enquanto se afastam do caminho serpentes, morcegos, escorpiões, aranhas e outra bicharada é possível apanhar prémios como joias e barras de ouro que podem ser trocados pelas já mencionadas bombas e cordas, artefactos que vai posibilitam abrir novas passagens, encurtar a dificuldade e conseguir, claro, o melhor resultado final possível.

Ainda assim, e aos mais aventureiros e corajosos, recomenda-se a superação de cada nível utilizando o menor número de artefactos possível tendo na imaginação e capacidade de reação as melhores armas. O rápido planeamento dos movimentos e saber quais os melhores lugares para ultrapassar inimigos (por vezes basta saltar por cima deles) leva a situações e ações bastante divertidas.

Uma elevada fatia do sucesso e divertimento deste jogo é a sua imprevisibilidade pois nunca sabemos ao certo que nos espera. Tanto em modo “Aventura” ou “Combate Mortal” esperem o pior (melhor) possível. Se no primeiro caso a aventura é solitária, na versão “Combate Mortal” as salas são partilhadas com outros jogadores permitindo o sempre apetecível sistema multiplayer.

Mas é na versão portátil que este “Spelunky” atinge a plenitude sendo, talvez, o melhor jogo do género. O modo cooperativo revela-se bastante completo e é possível jogar-se com outros jogadores Vita ou na PS3, cujo écran é partilhado e que proporciona situações muito divertidas. Outra das particularidades do jogo prende-se com a ideia de realizar um “cross saving” entre consolas o que permite continuar a sua aventura a partir qualquer das plataformas Sony.

Contas feitas, “Spelunky” é um fantástico jogo e apesar da sua “simplicidade” encontra-se num patamar bastante elevado em ambas as plataformas Sony. Para além de permitir aos mais saudosistas viver os momentos intensos da era romântica que tinha no Spectrum e Atari monstros sagrados, este é um jogo que dá a oportunidade de sentir na plenitude a ideia do conceito “portátil” ao mesmo tempo que se queimam neurónios ao tentar ultrapassar os complicados labirintos subterrâneos.

In Rua de Baixo

Sem comentários:

Enviar um comentário