segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Cowboy Junkies
CCB

Tour nómada



regresso do clã Timmins a Portugal resultou num (grande) concerto, com mais de duas horas de música, viagens no tempo, agradecimentos, incentivo ao consumo, mães e -espante-se - Cristiano Ronaldo, ídolo de Ed, filho de Margo, e objeto de desejo da vocalista.

Os Cowboys Junkies encerram o cartaz da edição 2012 do Misty Fest com duas datas ( hoje atuam no Porto). Ontem, Lisboa teve o privilégio de receber um dos grupos charneira do dito indie folk/country. Na bagagem trouxeram a sua nova aventura, um conjunto de quatro álbuns intitulado "The Nomad Series", que, no fundo, mostra aquilo que o grupo canadiano foi e sempre será: um misto de paixão, dolência, umas pitadas de rock e blues e muita, muita beleza.

Falar em beleza é também falar de Margo Timmins. Aos 51 anos, aquela que é, sem exagero, uma das vozes maiores do universo musical das últimas décadas, mantém todo o seu encanto, vocal (e outros), e continua a enfeitiçar a audiência. Sempre simpática e muito dialogante, conta histórias, sussurra canções fantásticas, fala connosco e sabe dar lugar à música. E é dela, da música, que essencialmente queremos falar.

O grande Auditório do Centro Cultural de Belém revelava um ambiente muito tranquilo enquanto se aguardava pela banda. Tal como as canções dos canadianos, o palco exibia-se simples, apenas com a ressalva para um centro de mesa com flores, que conferia um ambiente aconchegante.

Foi com “Wrong Piano”, uma das músicas mais tocadas nos recentes concertos da banda e que faz parte do tomo segundo (“Demons”) da Nomad Series, que os Junkies abriram o concerto. Guitarra à solta, bateria segura, baixo presente e Margo, elegante e muito doce. No final desta primeira música, somos esclarecidos que o espetáculo vai ter duas partes. Primeiro, e porque é preciso divulgar a nova música, seguem-se apenas temas dos últimos álbuns da banda; depois, sim, depois, os clássicos. Margo tranquiliza a audiência e confirma que se vai ouvir “Sweet Jane”…

Consciente que o público podia desconhecer o mais recente reportório, Margo ia apresentando as músicas e - muito importante - encorajava os presentes a comprar discos e merchandising da banda, pois nem só de palmas vivem os artistas. Ah, “e o Natal está mesmo a chegar…”, argumentava a vocalista.

A lindíssima “I Cannot Sit Sadly By Your Side”, de “Renmin Park”, volume primeiro destas séries nómadas, tem direito a uma performance fantástica. Margo, sentada perto dos ramos de flores, agarra-se ao microfone, canta, abre a alma e, sem artifícios, (en)canta. É tão fácil apaixonarmo-nos por uma voz assim…

À medida que as músicas iam surgindo, a sensação de familiaridade com as mesmas era quase imediata. “Stranger Here”, também retirada de “Renmin Park”, leva a banda por caminhos mais rock. Margo Timmins confessa que os “seus rapazes” adoraram fazer um disco mais “duro”.

A excelência da música destes canadianos vê-se em todos os momentos. Se nos registos mais intimistas brilha o jogo entre a música e a sua ausência, nas experiências mais rock, Mike, Pete, Jeff e Alan arregaçam mangas e fazem-nos bater o pé.

“See You Around”, de “Demons”, disco dois da aventura nómada e o preferido de Margo, é a deixa para uma pequena homenagem a Vic Chesnutt, malogrado companheiro de estrada da banda. Jeff Bird troca o bandolim pela harmónica e ficamos com um ambiente mais country. É a hora do acústico vencer a eletricidade. Como um passo de mágica, “Late Night Radio”, de “Sing in The Meadow”, devolve a energia ao palco e surgem alguns solos de guitarra por parte de Mike Timmins, guitarrista e autor da poesia da banda.

Uma das grandes ovações da noite surgiu com “Third Crusade”, também de “Sing In The Meadow”, numa versão intensa e crua. Margo aproveita a música e agarra a mesma. Afasta-se do microfone e olha para a bateria do seu irmão Pete. Sem reservas, todos os elementos dos Junkies são excelentes músicos e nós só podemos agradecer tanto talento.

Chega agora a vez de “Wildreness”, o último capítulo da “Nomad Series”, e o disco mais querido da mãe de Margo. Numa toada mais calma, ouvimos, de seguida, “Damage From The Star” e “Unanswered Letter (For JB)”. Antes da pausa, somos presenteados com “Fairytale”, provavelmente uma das mais bonitas composições de sempre dos canadianos. A honestidade com que os nossos sentidos sentem esta música leva-nos a recantos doces da memória. Repletos de sacarose, chegamos ao intervalo. “Na pausa aproveitem para comprar uma prenda de Natal. Temos muitas surpresas lá fora”, insistia Margo…

O regresso ao palco é feito com a muito esperada “Sweet Jane”, tema original de Lou Reed, reinventado pelos Junkies em “The Trinity Session”, disco seminal gravado em 1988 e que lançou definitivamente a banda canadiana nas bocas do mundo. Em ritmo blusy, estava lançada a segunda parte do concerto.
“Dreaming My Dreams With You”, também de “The Trinity Session”, foi a senhora que se seguiu em ambiente slow core, a lembrar os Low, e com os Cowboy Junkies a jogar com o silêncio e a ausência de luz. Uma verdadeira canção de embalar à moda de Toronto.

Tal como prometido, a segunda parte do concerto serviu para viajar sobre o passado da banda. O disco seguinte a ser revisitado foi “Lay It Down”, de 1996, e “Common Disaster” levou a audiência a sentir ambientes mais swingantes com bateria e o baixo a ditar leis e a guitarra a destilar alguns feedbacks. Seguiu-se “Cause Cheap is How I Feel”, de "Caution Horses", álbum de 1990, tema que fez bater os muitos pés presentes, que sentiam a voz de Margo a planar na sala.

A acalmia regressou com o tema título de “Lay it Down”, a ser apresentado de forma solene, com os quatro instrumentistas da banda a dar um verdadeiro recital em forma de tour de force. Margo Timmins sai do palco e deixa os “seus rapazes” recriarem-se.

Antes do próximo tema, “Don’t Let It Brig You Down”, de Neil Young, Margo voltou à conversa, sendo Cristiano Ronaldo o centro da mesma. Parece que Margo e seu filho são fãs do craque do Real Madrid. Se Ed gosta da qualidade futebolística de CR7, Margo confessa que é a estampa física de Cristiano que a fascina. A plateia reagiu com risos e aplausos. Depois, “A Horse In The Country”, de “Black Eyed Man”, trabalho de 1992, foi dedicada a todos as senhoras com mais de 50 primaveras, como a própria vocalista.

“My Little Basquiat” e “Good Friday”, temas de “All The End Of Paths Takes” e “Miles From Home”, respetivamente, antecederam um dos momentos altos da noite. “Misguided Angel”, um regresso a “The Trinity Session”, foi absolutamente brilhante, com laivos de perfeição.

Depois disto, a banda abandona o palco. A espera pelo encore foi curta e os primeiros acordes de “Blue Moon” aquecem corações e almas. A última canção da noite foi de uma intensidade brutal e foi natural uma merecida ovação de pé. Finalizado o concerto, vestem-se casacos, sai-se para a noite fria e escura mas, por dentro, sentimos calor, estamos em paz.

In Palco Principal

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Peter Hook & The Light
CCB

Uma luz na escuridão




Devoção, festa, solenidade, entrega, paixão e saudade. Estas são algumas das definições possíveis para aquilo que ontem se ouviu, viu e, essencialmente, sentiu no grande auditório do Centro Cultural de Belém. Com a sala muito bem composta, a expetativa sentia-se a cada minuto que ficava para trás. Que esperar deste concerto? Que esperar de Peter Hook e dos “seus” The Light?

Ainda que se vissem alguns jovens no CCB, a maior parte do público exibia com muito orgulho alguns cabelos brancos. As memórias de uma juventude tingida de negro e revestida de gabardinas era exultada por muitos enquanto a hora de aproximava. Já perto da entrada de Mr. Hook e companhia em palco, o PA tocava em alto e bom som “Dirty Old Town”, dos Pogues. A festa estava prestes a começar.

Tal como foi prometido (ver entrevista de Peter Hook ao Palco Principal) o concerto começou com “Atmosphere”, um dos maiores hinos dos Joy Division, tendo o final desta verdadeira demanda musical sido assinalado com “Ceremony”. Ao todo foram tocadas 22 canções. Vinte e dois pedaços de música, vida e celebração.

De forma algo tímida, Peter Hook e dos The Light (Nat Wason na guitarra, Jack Bates - filho de Hook -, no baixo, Paul Kehoe na bateria e Andy Poole nas teclas) atiraram-se a “No Love Lost”, “Leades of Men” e a uma brilhante, eletrizante e muito aplaudida “Digital”. O espírito punk estava nas entrelinhas de cada acorde. Peter Hook começava a suar…

Ao quinto tema chega o incontornável “Unknown Pleassures”. “Disorder” ecoa pela sala. As pessoas batem palmas, agarram o som como podem e as cadeiras começam a ser algo dispensável. Os corpos agitam-se, o povo quer dançar, pular, saltar. O frenesim cresce. À medida que o alinhamento do álbum de estreia dos Joy Division (editado em 1979) avança, a atmosfera ganha contornos de ritual. Estava-se perante uma cerimónia.

Peter Hook, muito bem secundado por Jack Bates no baixo, deixa-se levar pelo ato de cantar, concentra-se nas palavras de Ian Curtis. Hoje, Hooky não é apenas o baixista - é o frontman, é o líder. Passou de uma posição lateral do palco para o coração do mesmo. A ele não se pede que faça de Curtis, desculpem o sacrilégio. A sua função é celebrar a poesia de Ian e a magia musical de Bernard, Stephen e sua.

“Day of the Lords”, “Candidate”, “Insight” e “New Dawn Fades” sucedem-se. A bateria maquinal, minimal, está bem viva. Os curtos solos de guitarra são um produto desta nova abordagem à música dos Joy Division e as teclas complementam o espírito mais frio de algumas composições da banda nascida em Manchester.

Mas é com os primeiros acordes de “She’s Lost Control” que a plateia acorda. As cadeiras ficam para trás e algumas pessoas vão em direção do palco. Primeiro uma, depois duas. Dezenas junto ao palco. Agora sim, é um concerto de rock! Hook sorri, cumprimenta os recém-chegados. A música faz o resto e dá as boas-vindas à alegria que se junta agora ao palco.

A meio do concerto é impossível não pensar na genialidade das músicas dos Joy Division. Com apenas dois álbuns de originais e alguns EP’s, um grupo de quatro rapazes com origens humildes e a viver os dramas da working class de Manchester do final dos anos 1970, conseguiram um espólio de canções que vão, para sempre, não só marcar uma geração, mas a própria história da música. O punk revisitado, o negrume das palavras de Ian Curtis, a guitarra melancólica de Bernard Sumner, a bateria maquinal de Stephen Morris e o baixo acutilante de Peter Hook fizeram muita gente querer aprender música, fazer poesia, tocar na alma dos outros. Por que decidiste partir, Ian?

“Shadowplay”, uma das mais emblemáticas canções dos Joy Division, leva a multidão a bater palmas. Os que estão sentados, levantam-se e ficam de pé até ao fim do espetáculo. Os que estão estão de pernas esticadas saltam, dançam, cantam. O swing que brota das cordas de Peter Hook, que toca o baixo como se de uma guitarra se tratasse, não deixa ninguém indiferente. A cerimónia está no seu auge!

Com palmas a compasso surge “Interzone”, numa versão mariachi. Hook, aos saltos, aproxima-se da beira do palco e aos seguranças entalados entre os fãs e o palco não resta outra coisa senão sorrir. O ambiente acalma com a chegada de “I Remember Nothing”, última faixa de “Unkown Pleasures”. É tempo de sentir as palavras, de sentir parte de um ato de verdadeiro xamanismo. São evocadas sombras da memória, pois isto não é apenas um concerto. Antes da música acabar, Hook abandona o palco e os The Light brilham e fazem uma jam session demasiado curta.

Já com a imagem de “Closer” no palco, Peter Hook e os The Light tocam “Heart and Soul”. Restavam poucas dúvidas, mas esta banda toca o legado dos Joy Division com uma dedicação ímpar e um dramatismo muito competente. Isso reflecte-se, e bem, nos próximos temas. “Isolation”, fantástico, “Twenty four hours” e “Decades” são punk até à medula! Também ele extasiado, Peter Hook, parco em palavras, agradece em português, depois de fechar com “Decades” e tocar um pequeno órgão de sopro. Hook deixa o palco. Os The Light ficam e saem minutos mais tarde.

O fim da cerimónia chegaria com mais quatro temas emblemáticos. “Dead Souls” é tocado com Peter Hook, agora em T-shirt, e a exclamar a loucura presente. “You are fucking wild, you know?”, perguntava ao público em delírio. Sem esperas, “Transmission” já está no ar, e todos, mas mesmo todos, dançam ao som desta rádio particular. Mas é com “Love Will Tears Us Apart” que a casa vai quase a baixo. Hook, também ele extasiado, vem para o lado do palco e fica a olhar para a festa em que ele próprio é o mestre de cerimónia. Uma hora e 45 minutos depois, surge “Ceremony”, tocada com uma honestidade desarmante.
No final, Hook e seus pares receberem uma monumental ovação e o baixista, hoje também vocalista, despe a camisola, suada, e oferece-a à multidão. Um final digno de uma estrela de futebol depois de um jogo que acabou em goleada de emoções. Até já, Mr. Hook. Até sempre, Joy Division.

A primeira parte esteve a cargo dos UNI_FORM, banda lisboeta composta por Billy (nas vozes e guitarra) David Francisco (baixo e back vocals), Miguel Moreira (guitarra e sintetizadores) e Nuno Francisco (bateria). Durante meia hora, tocaram seis temas do seu reportório, sendo que, neste momento, promovem, “1984”, segundo longa-duração da banda, inspirado na obra de George Orwell. As influências da banda são demasiados evidentes (por vezes perto do som de uns Interpol ou She Wants Revenge) e não se estranhou o convite de Peter Hook feito aos UNI_FORM para abrir o espetáculo. A plateia reagiu muito bem a esta apresentação, que contou com uma componente cénica muito interessante. Portugal precisa de projetos assim.

In Palco Principal

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Peter Hook em entrevista

"Sinto-me muito bem a cantar as palavras do Ian [Curtis]"



Um dos baixistas mais influentes da história da música moderna, Peter Hook, agora na companhia dos The Light, traz-nos esta semana, com saudade, a música da sua banda de sempre - os Joy Division. Na bagagem vêm alguns dos temas mais marcantes da curta história dos quatro de Manchester, assim como a revisitação, na íntegra, do seu primeiro disco, "Unkown Pleasures". Antes do muito esperado no Centro Cultural de Belém, inserido na programação do Misty Fest 2012, tivemos à conversa com Mr. Hook. E que conversa!

Palco Principal - É indiscutível que os Joy Division marcaram um período importante da música dita moderna do final dos 1970 e início dos 1980. Passadas três décadas, ainda sente o peso dessa influência?

Peter Hook – Sim, ainda hoje sinto a influência dos Joy Division, particularmente em bandas como os White Lies, Interpool, Editors… Penso que tanto eu como o Barney, o Steve e o próprio Ian, nos sentimos muito elogiados pelo facto de, 30 anos depois, a nossa música ainda inspirar muitas das grandes bandas da nova geração.

PP - Apesar dos arranjos musicais dos Joy Division serem uma das suas imagens mais fortes, muita da «verdade» da banda resultava das palavras de Ian. O que sente ao cantá-las?

PH - Bem, a ideia inicial era ter vários cantores no projeto, mas, devido aos comentários menos positivos sobre os nossos primeiros espetáculos no Reino Unido, decidimos abandonar esse plano. Assim, comecei eu a assumir o papel de cantor. A experiência acabou por resultar, até porque, assim, conseguimos ter um membro original dos Joy Division a cantar as palavras do Ian. No início, era estranho e até um pouco difícil fazê-lo, mas, com o passar do tempo, as coisas começaram a ser bem mais fáceis. Sinto-me muito bem a cantar as palavras do Ian, porque agora posso apreciar ainda mais o quão boa a sua poesia era. Algumas das canções têm muitas palavras e outras poucas, mas todas resultam de forma brilhante. O Ian era genial.

PP - Já muito se escreveu e falou sobre os Joy Division. Fizeram-se tributos, documentários e filmes, mas até que ponto os fãs têm conhecimento da verdadeira história dos quatro de Manchester?

PH - Penso que existe uma ideia errada de que os Joy Division eram sossegados, misteriosos e muito arty. Na realidade, nós éramos apenas um grupo de rapazes que tocava rock. Isso demonstra que as pessoas não conheciam, de facto, a verdadeira história dos Joy Division. Muitos livros foram publicados sobre nós e a grande maioria foi escrita por pessoas que não viveram a nossa história, que não sabiam quem somos nem de onde viemos. Penso que foi essa uma das principais razões que me levou a escrever o meu próprio livro (“Unknown Pleasures: Inside Joy Division”) sobre a banda: poder contar às pessoas como nós éramos realmente! Ainda assim, penso que o filme de Anton Corbijn, “Control”, foi a tentativa mais bem conseguida de nos retratar, e isso porque o Anton nos conhecia muito bem e viveu muito o final dos anos 70 connosco.

PP - “Unknown Pleasures: Inside Joy Division” ainda não tem edição em português…

PH - Ainda não há uma edição portuguesa, mas estamos confiantes que isso aconteça no futuro. O livro foi publicado em francês e japonês, e já falei com editores em Espanha e Itália para a tradução deste livro, por isso esperamos que seja possível uma edição em português - o que eu adoraria, porque os fãs que temos em Portugal e no Brasil são maravilhosos. Penso que este livro é uma boa forma de aprender a história dos Joy Division, pois é a primeira vez que um membro da banda escreve sobre o tema. Espero que as pessoas gostem de o ler. Contei a história de acordo com a verdade que retenho na minha memória.

PP - Para si, os Joy Division morreram com o suicídio de Ian Curtis?

PH - Quando o Ian morreu, nós formámos os New Order logo de seguida. Penso que o fizemos como uma forma de lidar com o suicídio dele. Mas não concordo com o facto dos Joy Division terem morrido com o desaparecimento do Ian, pois, na verdade, a banda é hoje maior do que era no seu tempo e o espírito de Ian vive através das suas canções, que todos nós ajudámos a criar. Isso não se reflete apenas através da nossa música, mas também graças às gerações de pessoas que estão sempre a descobri-la e às novas gerações de bandas que nos referem muitas vezes como uma das suas maiores influências. É por isso que digo que os Joy Division continuam muito vivos, independentemente de eu estar, ou não, a tocar a sua música de novo.

PP - A música e poesia patente nos discos dos Joy Division revelam-se muito introspetivas, sérias, depressivas. Era esse um sentimento presente nos quatro ou uma forma de catarse?

PH - Muita gente pergunta-nos: “Vocês não perceberam que o Ian estava infeliz através das letras dele?”. Não, não tínhamos essa consciência. Muitas vezes não conseguíamos sequer entender o que o Ian dizia, pois o equipamento sonoro nos nossos concertos era tão mau, que as letras eram impercetíveis! Hoje, que canto essas mesmas canções, percebo o dramatismo das mesmas… Mas, obviamente, é tarde demais. Não diria que, como pessoas, somos muito sérios e introspetivos. Nós éramos apenas rapazes normais. É claro que, com o passar do tempo, as pessoas mudam. Por exemplo, eu e o Barney acabámos por cortar relações… Mas a vida é mesmo assim.

PP - Pelo que sabemos, enquanto New Order, só tocaram as músicas dos Joy Division uma ou duas vezes e as coisas não resultaram muito bem. Porquê voltar a eles três décadas depois?

PH - Enquanto New Order, e antes da banda se separar em 2006, fizemos um concerto no âmbito da luta contra o Cancro em 2005 (“Manchester vs Cancer”), no qual tocámos muitas canções dos Joy Division, e eu lembro-me que foi fantástico poder tocar temas como “24 hours” e “Shes Lost Control” depois de tantos anos. Um ano mais tarde, em 2006, tocámos em Wembley um set com oito canções dos Joy Division e eu adorei, assim como os fãs (penso eu), mas o Barney não gostou! Em 2010, 30 anos depois da morte de Ian, surgiu a ideia de se fazer um tributo em forma de concerto na sua terra natal, Macclesfield, e eu e o Steven Morris, assim como outros cantores, concordámos em participar. Mas depois, infelizmente, a ideia não teve seguimento e eu achei uma pena não haver uma celebração dos trinta anos do falecimento do Ian, como agradecimento ao grande homem que ele foi e ao fantástico legado que nos deixou. Então decidimos juntar uma banda e tocar o “Unknown Pleasures” na íntegra, num concerto que apoiou duas causas – a Mente (no âmbito do Mental Health Charity) e também o apelo de Keith Bennett, que, sendo pai, me tocou muito. Este concerto único em Manchester rapidamente se transformou em dois, uma vez que a procura foi brutal e esgotou muito rapidamente. Depois disso, muita gente pelo mundo fora me pediu para fazer uma tour com este espetáculo, e foi no seguimento dessa ideia que chegamos agora a Portugal! Vai ser muito gratificante tocar em Lisboa, finalmente - tenho tentado fazê-lo desde o início. Gosto de pensar que levar este espetáculo em digressão é oferecer às pessoas a oportunidade de ouvirem estas músicas ao vivo e também a nossa forma de prestar homenagem ao Ian.

PP - Nos vossos espetáculos também tocam temas de “Closer” e alguns do tempo de “Warsaw”. Como é feita a escolha dos temas a tocar?

PH - Nós gostamos de tocar o alinhamento de forma cronológica – isso significa que vamos começar com o material mais antigo de “Warsaw” e depois tocamos o “Unkown Pleasures”, que representa grande parte do alinhamento. Depois de tocarmos o álbum completo, tocamos material de “Closer” e outras canções que são, de alguma forma, raridades. Gosto de mudar o alinhamento o mais possível, de forma a oferecer o maior conjunto de canções possível às pessoas, e também porque torna as nossas atuações mais «frescas» e entusiasmantes para mim e para o resto da banda. Já tocámos todas as canções dos Joy Division nos nossos concertos pelo mundo inteiro, o que representa um grande feito. Os rapazes da minha banda – Jack, Nat, Andy e o Paul – têm feito um trabalho notável e são todos muito empenhados.

PP - Quando está a tocar estas músicas com uma banda diferente, não sente que está a fazer um tributo a si mesmo?

PH - Por vezes, as pessoas criticam-me e dizem que estou numa banda de tributo a mim mesmo, mas eu não vejo as coisas assim. Fiz parte dos Joy Division e ajudei a criar e a escrever aquelas músicas, por isso penso que é normal tocar essas composições ao vivo. Mais: acho que o facto de tocar o álbum na íntegra significa que tudo isto é mais do que fazer um tributo. Se tocares apenas os maiores êxitos da banda todas as noites, como esta nova versão dos “New Order” tem feito, aí sim, corres o risco de parecer uma banda de tributo. Esta nova versão é um tributo sim - um tributo àquilo que os verdadeiros New Order foram.

PP - Como sente o panorama musical de Manchester hoje?

PH - Manchester produziu música fantástica ao longo dos anos... Talvez isso possa estar relacionado com a metereologia local. Chove muito e, por isso, as pessoas ficam em casa a fazer música (risos). Ainda existe música muito interessante em Manchester. Por exemplo, depois de tocarmos em Portugal, seguimos viagem para o Reino Unido e vamos atuar com duas novas bandas de Manchester: “The Shines” e Tiny Phillips”. São ambos projetos muito interessantes e, para mim, mostram que o futuro da música de Manchester está em boas mãos.

PP - Ainda consegue, hoje, escrever uma canção em duas horas, como fazia com os Joy Division?

PH - Os Joy Division eram muito prolíferos, pois a química entre os elementos da banda era absolutamente fantástica – sempre que ensaiávamos, nascia uma nova canção. Era um processo muito fácil. Quando fizemos os New Order, as coisas tornaram-se mais difíceis, pois alguns membros da banda insistiam em fazer pós-produção em todo o material, o que retirou algum gozo ao processo criativo… Pelo menos para mim. Isso fez com que cada disco fosse mais demorado a sair, além de que as relações entre nós, enquanto membros da banda, não eram as melhores. Enquanto Joy Division, a tecnologia não era óptima, então nós tínhamos realmente que nos sentar numa sala com os nossos instrumentos e tocar todos juntos para fazer a canção. Hoje em dia, temos tantos computadores e diferentes programas digitais que deixamos que as máquinas assumam o papel principal na criação, o que é uma pena.

PP - O que podem esperar os fãs de Joy Division do vosso espectáculo em Portugal, no âmbito do Misty Fest?

PH - Podem esperar ouvir o “Unknown Pleasures” completo, assim como muitas músicas do catálogo da banda – podem ter a certeza que todas as canções vão ser tocadas com muito respeito e fidelidade, uma vez que todos os membros da banda reconhecem o valor das músicas e respeitam a sua identidade e o que significam para os fãs. Estou ainda a decidir o alinhamento definitivo que vamos tocar em Portugal - é muito bom, pois as pessoas escrevem no nosso facebook o que gostariam de ouvir e eu dou bastante importância a isso. Até agora, temos pedidos para tocarmos o “Atmosphere” e o “Ceremony”, e vamos, decididamente, tocar essas duas. O resto vai ser surpresa! Tivemos um concerto fantástico no Porto em Fevereiro de 2011, na Casa da Música, e participámos no maravilhoso Festival Paredes de Coura em 2010. Em ambas as experiências, o público português foi do melhor que alguma vez já conhecemos e espero que no dia 8 de Novembro isso se repita. Estamos muito ansiosos por tocar para vocês.

In Palco Principal

terça-feira, 6 de novembro de 2012

The Walkmen
TMN ao Vivo

Pontapé na crise



Quando, há poucos dias, foi anunciada a mudança de sala do espetáculo dos The Walkmen em Lisboa, muitos entenderam que a causa de tal mudança poderia ter a ver com uma eventual menor procura dos bilhetes. Afinal, a crise não perdoa... Ainda que há cerca de dois anos tenha sido um Coliseu de Lisboa cheio a receber a banda de Nova Iorque aquando da sua digressão de apresentação de “Lisbon”, no domingo, o espaço TMN Ao Vivo chegou perfeitamente para as centenas que, nessa noite, se resguardaram do frio outonal.

Trazendo na bagagem o muito bem conseguido “Heaven”, Hamilton Leithauser e comparsas começam este muito animado concerto com “Line By Line”, algo que já vem sendo habitual nesta digressão e que destaca a (grande) competência do guitarrista Paul Maroon. Eram precisamente 22h00 e na sala ouviam-se os primeiros acordes indie de laivos pós-punk, características que se mantiveram por cerca de quase hora e meia. A proximidade entre público e artistas que esta sala proporciona revela-se sempre como um fator importante e alia ambas as partes. Se alguém esperou um concerto a meio-gás, enganou-se.

A segunda da noite foi “Love is Luck”, um tema que faz lembrar o universo dos Strokes, cuja vibração não deixou ninguém indiferente. “Heartbreaker” é outro exemplo da boa safra do disco editado em maio, com Leithauser a atirar-se a uma versão hipnótica, assumindo o papel de um cronner à beira do colapso. A reação do público foi bastante efusiva.

Ao longo da noite, os norte-americanos ofereceram um concerto muito estimulante e esgalhado, não deixando de fora alguns dos seus temas mais conhecidos. A primeira recordação calhou a “Blue as Your Blood”, de "Lisbon" (2010), com o palco tingido de azul nos momentos mais calmos da performance.

De visual straight e formal (Leithauser de blazer ao longo de todo o concerto contrastava com as camisas arregaçadas dos restantes membros da banda), os The Walkmen atacavam agora “Angela Surf City”, também de "Lisbon", ideal para bater o pé, sacudir a alma e encher os sentidos com um ritmo punky delicioso, com Nova Iorque sempre no pensamento, claro. O processo de regressão cronológica continuou e a próxima paragem trouxe à tona “On the Water”, de "You and Me" (2008). O muito excitante Matt Barrick na bateria fazia-se agora acompanhar de uma maraca e o ar respirava um ambiente perto do folk.
Estacionado em 2008, Leithauser atira-se a “In the New Year”, aquela que foi uma das prestações mais bem conseguidas da noite, com as teclas a dar um ambiente intenso. Apesar da voz falhar a espaços, a paixão resistiu, e os merecidos aplausos não se fizeram esperar.

Seguiu-se a muito Dyliana e serena “138 th Street”, de "Bow and Arrows" (2004), em registo acústico, com o público a respeitar o silêncio deste tema. Leithauser, muito pouco interventivo, elogiou a solenidade do público. Segundo o vocalista, por terras de Sua Majestade o público é mais efusivo durante a interpretação deste tema.

Sensivelmente a meia da atuação, os The Walkmen invertem o sentido cronológico e voam até 2008, aterrando em "You and Me". À beira do lamento, os versos de “Donde está La Playa” servem de preparação para o panfletário e esgalhado “All Hands in the Cook”, o único tema tocado de "A Hundred Miles Off" (2006). A performance mereceu muitos aplausos e alguém do público gritou a bravura com que a voz de Leithauser aguentou o tema. Seguiu-se a mais mexida e com ambiente por vezes ska “Woe is Me”, de "Lisbon".

“Juveniles”, outro dos maiores hinos da banda, e uma das músicas com alma mais radiofónica, é irresistível e coloca toda a gente a dançar, antecedendo a fabulosa “The Rat”, a música que define o que são os The Walkmen: fúria, paixão, lirismo e entrega. Uma das receitas para afastar qualquer crise que arrisque colocar-se à frente deste quinteto.

Depois da tempestade quase sónica, “Love is Luck” é tocada, e cantada, como um elogio à surf music. Sem dúvida que os The Walkmen de "Heaven" são uma banda mais madura, consciente e consistente. O pop sussurrado de “We Can’t Beat” é um exemplo disso mesmo. À voz de Leithauser junta-se outro registo vocal e regressa a toada mais intimista e acústica.

Antes do merecido encore, a banda despediu-se com a faixa homónima do mais recente trabalho, uma das canções mais orelhudas e clean dos The Walkmen. O público aproveitou a boleia da melodia da canção e entoou a mesma, em coro, até ao regressar da banda ao palco.

O regresso foi bastante saudado e os presentes tiveram o privilégio de ouvir ainda mais três temas. “I Lost You”, de "You and Me", fez ressaltar a importância da banda enquanto um todo, com a voz nasalada de Leithauser a remeter para o espetro musical dos anos 1970, e com as teclas a assumirem relevância acrescida. Com as luzes sumidas, já perto do fim, “Everyone Who Pretend to Like Me is Gone”, faixa-título do primeiro álbum da banda, inicia em crescendo, alicerçada em algum feedback e com Leithauser a cantar “I made the best of it”.

Cerca de hora e meia depois, o concerto encerra com o vocalista a apresentar a banda, que se despediu com “Another One Goes By”, de "A Hundred Miles Off", uma versão de Marc Manzarrin, músico que ganhou reputação como baterista e vocalista e que marcou a cena musical nova-iorquina nas décadas de 1970 e 1980.

Os The Walkmen de 2012 continuam tão, ou mais fortes, que em 2010 ou 2008, e todos os que que encheram o TMN Ao Vivo deram, por certo, bem empregue a noite. Desejamos que a banda regresse em breve com a mesma força e dedicação que exibiu no domingo, pois precisamos de espetáculos assim, que nos façam acreditar que ainda há esperança, com ou sem Coliseus…

Antes dos The Walkmen, o palco foi de Rui Carvalho, aka Filho da Mãe, um dos mais talentosos guitarristas da nova geração de músicos portugueses. Com a sala já muito bem composta, Filho da Mãe, apoiado na sua guitarra, pedais e imenso talento, tocou um punhado de excelentes canções, que são, acima de tudo, paisagens sonoras.

De olhos fechados e num universo só seu, este trovador revela-se egoísta, toca para si mesmo, mas liberta uma magia tão grande que as suas composições nos levam para fora de órbita, num planeta distante, mas, simultaneamente, tão perto de nós. Obrigatório para quem gosta do melhor que as cordas de uma “simples” guitarra podem oferecer.

In Palco Principal

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Cowboy Junkies em entrevista

"Continuamos a desafiar-nos a nível criativo e ainda temos muito gosto em fazê-lo"



Naturais do Canadá, os Cowboy Junkies saltaram para as bocas do mundo da música em 1988, aquando do lançamento do aclamado "The Trinity Session", gravado, sem rede, na Igreja da Santa Trindade, em Toronto. Desde então, os quatro canadianos espalharam pelo mundo o seu folk indie muito blusy, alicerçado na fantástica voz de Margo Timmins. Até hoje, lançaram mais duas dezenas de álbuns, sendo que a sua última e ambiciosa aventura, “The Nomad Series”, é um conjunto de quatro discos, cujo último tomo, “The Wildreness”, foi lançado este ano. E é assim, na ressaca desta viagem nómada, que o clã Timmins e Alan Anton se apresenta no Misty Fest, no CCB, em Lisboa, dia 17 de novembro, e na Casa da Música, na Invicta, a 19. Antes das apresentações em Portugal, a conversa com o Palco Principal.

Palco Principal – Já passaram mais de duas décadas desde o lançamento de “The Trinity Session”, segundo e muito aclamado disco de estúdio dos Cowboy Junkies, sucessor do longa-duração de estreia da banda, “Whites Off Earth Now!!”. Sentem-se realizados com o vosso percurso?

Cowboy Junkies - O percurso continua, continuamos a desafiar-nos a nós próprios a nível criativo e ainda temos muito gozo em fazê-lo.

PP - Já muitas vezes comentaram que o sucesso da vossa segunda incursão em estúdio vos apanhou um pouco desprevenidos. Como lidam hoje com o sucesso?

CJ - Na nossa perspetiva, ter sucesso é ter a capacidade de fazer música que nos faça sentir realizados e que faça as pessoas sentirem prazer em ouvir. Isso tem-nos permitido continuar a trabalhar e a tocar, o que, para um músico, é o melhor que se pode esperar.

PP – Aquando dos primeiros palcos pisados, afirmavam que as atuações ao vivo mudavam a alma das próprias canções. Hoje, mais experientes, ainda sentem essa metamorfose?

CJ – As canções são sempre influenciadas pelo ambiente que vivemos diariamente na estrada enquanto grupo, por isso é natural que mudem um pouco consoante o nosso estado de espírito. Mesmo após anos de experiência.

PP - No início dos anos 90, especialmente com “Black Eyed Man”, os Cowboy Junkies adotaram uma postura um pouco mais rock. Foi essa uma mudança planeada ou algo que aconteceu naturalmente?

CJ - Nessa época, sentimos vontade de expandir a nossa musicalidade, o que resultou num conjunto de canções que tinham mais energia que a imposta nos trabalhos anteriores. Ainda assim, não gostamos de nos afastar do “nosso som”, gostamos demasiado dele, por isso poderemos sempre ouvir os Junkies, independentemente da direção pela qual enveredemos.

PP - Sempre gostaram de fazer versões. Em “The Trinity Session” e “Early 21 st Century Blues” prestaram homenagem a Presley, Springsteen, Dylan e Lennon. Enquanto banda, são esses os vossos maiores heróis?

CJ – Sim, são todos estes nomes, e ainda Neil Young, Lou Reed, Nick Cave, etc..

PP – Editaram recentemente “The Wildreness”, último disco de “The Nomad Series” - um projeto que teve uma viagem à China como mote e que envolveu a edição de quatro discos em apenas 18 meses. Algumas das canções incluídas nestes quatro trabalhos foram escritas há bastantes anos. Nunca recearam que este projeto pudesse soar vintage ou era esse mesmo o seu objetivo?

CJ - Quanto começámos a gravar esta série de álbuns, não tínhamos uma ideia clara do caminho a seguir – apenas alguns conceitos base que acabaram por ficar patentes nos quatro discos. Sabíamos, porém, que, para conseguirmos incorporar as ideias que estávamos a tentar introduzir, iria ser necessária uma expansão do nosso som. Cada um dos discos acabou por adquirir uma personalidade própria, o que, tendo em conta o espaço de tempo que levámos a gravar (18 meses), acabou por ser uma agradável surpresa. A ideia deste conceito foi desafiar-nos a sair da nossa rotina habitual de gravar um disco a cada 12 meses e ir em digressão. E o facto de termos muitas canções novas ajudou e acelerou o processo.

PP – Como complemento a estes quatro discos, vai ser lançado um livro do pintor cubano Enrique Martinez Celaya, um amigo de longa data da banda. Associam muito a vossa música à pintura. Cada canção é um quadro?

CJ - A música e as artes visuais funcionam em espaços temporais diferentes, o que marca a diferença e influencia a peça enquanto produto final, mas há certamente pontos de contacto no processo criativo...

PP - Em “The Wildreness” saltam à vista canções muito diferentes entre si, como “Fairytale” e “Fuck, I Hate the Cold”. Apesar dessas disparidades, todo o disco é bastante emotivo. Como se sentem hoje enquanto banda?

CJ - Com a idade, surgem também novos patamares emocionais a explorar, e com isso sentimos outro tipo de motivação criativa. “The Wildreness” explora esses novos sentimentos e paisagens, e tenta dar-lhes algum sentido.

PP - A primeira vez que pisaram palcos portugueses foi aquando da digressão de apresentação “Open”. Mais de uma década depois, o que podem os fãs portugueses esperar dos concertos dos Cowboy Junkies em território nacional?

CJ - Muitas canções novas incluídas no “Nomad Series”, assim como alguns temas mais antigos.

In Palco Principal