segunda-feira, 18 de novembro de 2013

“Tearaway”
PS Vita

Num colorido mundo de papel



Uma das melhores formas de apresentar um jogo de consola é ter acesso ao trailer que faz a promoção do mesmo ainda que por vezes tal possa induzir em erro. Quem não se lembra de ver um desses vídeos de divulgação e depois sentir-se ultrajado pois o resultado final está aquém das expetativas?

Contudo essa frustração não faz parte do atraente mundo que compõe Tearaway, um dos mais interessantes jogos que o universo Vita ultimamente revelou. Se à primeira vista este novo jogo da Media Molecule – e que conta com a magia dos desenhos de Rex Crowle – se “assemelhava” a Little Big Planet, depois de alguns minutos de teste verificamos um charme, estilo gráfico e visual muito particular que tem nas virtudes do écran traseiro e da câmara frontal alguns dos seus trunfos.

Aventura jogada na terceira pessoa, Tearaway tem como figuras centrais duas personagens sendo Iota a versão masculina e Atoi a feminina. Ambas assumem a função de mensageiros e elevam sobremaneira a noção de interatividade que as funcionalidades da PS Vita permite.

Mas vamos por partes. Logo nos primeiros instantes do jogo somos convidados a assumir o papel de um “Tu” e temos honras de transportar a nossa cara no écran da Vita com a ajuda da câmara. Depois disso surgem questões pertinentes: qual o tamanho das nossas mãos? O tom de pele, género. Vamos entrar num mundo de lendas e tradição que precisa da nossa ajuda de forma a dar vida a um novo conto. E agitar é preciso, a consola claro, pois urge unir dois mundos onde o Sol tem um papel muito importante.

E, de repente, a mensagem torna-se o mensageiro e os perigos surgem na forma de Retalhos, incómodas criaturas que são eliminadas com a ajuda dos nossos dedos pois o écran tátil traseiro serve de porta de entrada para este delicioso mundo de papel. Salvar o Sol entretanto amaldiçoado é o objetivo e ao jogador é possível encarnar o mesmo pois o seu rosto incide no centro do astro-rei em tempo real.



Vencida a primeira batalha, somos convidados a dirigir-nos para o Sol e pelo caminho encontramos um fantástico mundo de origami que revela monstros, personagens que nos indicam o caminho e a vitória a cada nível é coroada com uma chuva de confetti. Em algumas situações o jogador é confrontado com obstáculos e plataformas que são ultrapassados, mais uma vez, com a ajuda dos dedos sendo que o écran traseiro pode, por vezes, servir de apetecível trampolim. Noutras situações o nosso personagem é levado a apanhar Retalhos e a atirá-los contra partes do cenário que revelam surpresas no seu interior.

A interatividade é constante e à medida que o jogo evolui o nosso Iota, ou Atoi, podem ser transformados ou enriquecidos. Ao ganhar pontos através da recolha de alguns pedaços coloridos de papel torna-se real personalizar o nosso mensageiro oferecendo-lhe olhos diferentes ou outros artefactos. Noutros casos somos convidados a colocar adereços em personagens e não se espante se tiver de coroar um esquilo. Ah, e quem faz, desenha e corta a coroa somos nós. Depois, se desejar partilhar tais objetos, pode fazê-lo no modo online.

A jogabilidade de Tearaway é bastante simples e intuitiva e o prazer de permanecer no meio de criaturas multicoloridas de papel é contagiante. O controlo do personagem é feito através dos comandos direcionais e, como já referimos, os dedos estão em permanente contacto com o painel traseiro.

Os gráficos de Tearaway são visualmente competentes e atraentes e por vezes imaginamos estar perante um constante stop motion vídeo ainda que de traços abstratos. No fundo, é como estar no sonho de papel onde a magia permite transformar o inimaginável em real. Para completar esta onírica ideia deixa-mos também uma palavra de apreço em relação à “música” que dá vida a este jogo e que quebra o aprazível e constante chilrear ambiente.

Uma clara aposta ganha por parte da Media Molecule, Tearaway assume-se como mais uma inovadora ideia num universo que, por vezes, opta pela cópia de um conceito em vez de seguir o caminho da novidade e criatividade. Quando essas ideias juntam-se às potencialidades da PS VITA cria-se algo de especial e único.

In Rua de Baixo

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