quinta-feira, 6 de junho de 2013

CHRYSTA BELL
ENTREVISTA

Conversámos com a artista, em vésperas do concerto no Musicbox



Modelo, actriz e cantora, Chrysta Bell regressa a Lisboa para dar um concerto no Musicbox no próximo dia 9 de Junho. Fã incondicional e amiga de David Lynch, Bell traz na bagagem um álbum especial produzido pelo realizador de “Twin Peaks”: “This Train” é o ponto de partida para uma agradável conversa sobre a mais recente musa de Lynch, uma mulher dona de uma voz sensual e arrepiante.

Regressa a Lisboa para promover “This Train”, um disco que contou com a ajuda de David Lynch na produção. Como está a correr a digressão?

Esta tourné começou em Edimburgo no passado dia 22 de Maio e tem sido excelente. Tocámos em alguns lugares no Reino Unido que nunca tínhamos visitado como Manchester, Leicester e no Festival “Hay on Wye”, que se realiza no País de Gales. A resposta tem sido muito positiva e encorajadora. E em França também correu tudo muito bem com concertos assombrosos em Paris e Toulouse. E claro que estamos muito ansiosos por regressar a Portugal.

Este disco revela uma voz sensual, forte, determinada. Até que ponto o lirismo de canções como «I Die» ou «Swing With Me» se assemelham com Chrysta Bell enquanto pessoa e, acima de tudo, mulher?

A canção «I Die», por exemplo, liberta uma capacidade sublime de redenção, de conhecimento divino. «Swing with Me» é um convite à luxúria, excitação e decadência sensual. Como mulher, ambos esses estados e sentimentos são como que uma conquista, um passo que permite avançar para uma dimensão superior que é a misteriosa viagem do eu feminino.

As suas experiências como actriz e modelo conferem-lhe mais confiança enquanto cantora, enquanto pisa o palco?

Ser modelo, representar e estar em palco com uma banda são acções que requerem uma confiança imensa nos teus parceiros criativos. Tudo se resume ao facto de teres essa vontade, essa garra de subir para o palco, ficar em frente de uma câmara e depois logo se vê o resultado. Pode ser incrivelmente recompensador e satisfatório ou não. Passar modelos, representar e cantar envolve uma predisposição inata que abraça a glória e tenta ultrapassar um eventual fracasso.

Assume-se fã de David Lynch desde os 12 anos. Qual foi o seu primeiro contacto com tal universo particular?

Tudo começou quando vi pela primeira vez a série “Twin Peaks” na televisão e fiquei completamente fascinada.

Como foi a experiência de intersectar o seu processo creativo com a abordagem do David Lynch?

O David e eu desenvolvemos uma enorme cumplicidade desde o dia em que nos conhecemos. Ambos gostamos de conviver, de sentir novas experiências, o que é muito importante para desenvolver um projecto criativo. Ele é como um farol para mim, uma verdadeira inspiração que dá, por exemplo, a dica certa para uma canção ou afasta a minha frustração com uma simples conversa ou uma divertida anedota. A sua paciência e encorajamento são muito inspiradores no fluir criativo.

Foram as passarelas que a tornaram conhecida. Acha que ser modelo é uma forma de interpretar um papel? Até que ponto está essa arte relacionada com a música?

Sempre gostei de desfilar porque isso proporciona-me ter diferentes imagens da minha pessoa. É fascinante. Para conseguires a foto perfeita, a ideia em formato fotografia, tem de existir um entendimento especial entre fotógrafo e modelo. Mas em palco sou auto-suficiente. Nem sempre quero reflectir uma imagem de beleza. Em palco deixo o momento acontecer e avanço por caminhos que não posso enverdar enquanto estou na passarela. Faço o que for preciso para que as coisas saiam como quero, na perfeição.

A última faixa de “The Train”, «The Truth Is», reporta-nos para um território musical perto dos Eurythmics. Quais as suas maiores influências enquanto cantora?

Sim, a Annie Lennox é certamente uma das minhas referências. Assim como Alison Goldfrap, Imogen Heap, Julie London, Jeff Buckley, Peggy Lee e Little Jimmy Scott. Mas se me fizerem essa pergunta amanhã tudo pode mudar!

Os videoclips das suas canções assemelham-se a sonhos em formato cinematográfico. Até que ponto vai o seu controlo sobre eles, ao nível conceptual?

Os videos são, geralmente, resultado de um todo. Para os que assumem uma componente mais narrativa nós dedicamos uma atmosfera especial. Gosto bastante deste processo. Ainda para mais os vídeos tornam-se cúmplices do próprio material sonoro e seria bastante estranho se eu não sentisse que existia uma ligação entre a canção e a imagem. O Vídeo de «Bird of Flames» é talvez a excepção. Deixei toda a responsabilidade criativa nas mãos de Chel White e essa incrível experiência ditou um vídeo muito bonito.

Sabemos que tem por hábito fundir performance, elementos cénicos e registos multimédia. O que podemos esperar do concerto no Musicbox?

Todos os elementos da banda dão o seu máximo, sempre. Eu canto com o coração todas as vezes, sem excepções. Em todos os concertos tentamos criar momentos intensos maximizando as nossas capacidades e o potencial da música que fazemos. Estou muito orgulhosa com os espectáculos que fazemos. Têm alma!

In Rua de Baixo

Sem comentários:

Enviar um comentário