segunda-feira, 4 de julho de 2016

“Dominus”
de Tom Fox

Rápido, intrigante e certeiro


É possível escrever um livro, um enredo, com os mesmos ingredientes de tantos outros e mesmo assim tornar o seu resultado bem acima das expectativas? Sim, é possível e é isso que o britânico Tom Fox conseguiu com “Dominus” (Topseller, 2016), a sua primeira aventura enquanto escritor e que resulta da soma de um profundo conhecimento académico dos meandros do Cristianismo com os predicados de um bom (e rápido) policial.

Tudo começa quando um estranho, «com calças de ganga gastas e uma camisa cinzenta, ligeiramente amarrotada», rompe pela apinhada Catedral do Vaticano num dia em que o Papa Gregório XVII celebra uma missa e pede ao sumo pontífice que se levante da sua cadeira de rodas que o prendia a um debilitante calvário assombrado pela doença de uma vida inteira.

A medo, e com todos de olhos postos neste peculiar acontecimento, o Papa levanta-se e dá-se o inesperado. Roma fica em polvorosa e as opiniões dividem-se sobre a veracidade do milagroso acontecimento que poderá colocar em causa toda a legitimidade de Igreja Cristã. A par disso, surgem cabalas entre homens do capital e clérigos cujo único objetivo é desacreditar o Papa.

É então que entram em cena a dupla Alexander Trecchio, um ex-padre que se tornou jornalista, e a detetive Gabriella Fierro, dando início a uma destemida e perigosa investigação que tem como objetivo encontrar uma explicação que acalme um país à beira de um ataque de nervos.

À medida que a dupla se embrenha na sua demanda, surgem verdades inesperadas e segredos que podem colocar, definitivamente, em causa o próprio o catolicismo, uma religião cada vez mais cercada por uma crescente horda de inimigos.

Com uma narrativa acelerada e com todos os predicados para manter o leitor agarrado à trama, “Dominus” é um thriller inteligente, e convincente, que coloca o dedo numa das maiores feridas da Igreja Católica: a gestão dos chamados “milagres de conveniência” que ajudam a manter a estrutura da instituição viva e que alguns reclamam não ser mais do que um jogo de interesses essencialmente económicos.

Vivamente aconselhado a fãs de Dan Brown, Simon Toyne ou José Rodrigues dos Santos, “Dominus” leva-nos para o interior dos corredores privados do Vaticano abrindo os horizontes da nossa imaginação enquanto leitores de um universo “mágico” e construído à base de uma mistura de factos e observações que encontram um crescendo à medida que as páginas avançam.

Com uma fórmula de sucesso, Tom Fox consegue no seu romance de estreia agarrar por completo o leitor que vai salivar por mais aventuras da dupla Alexander e Gabriella.

In Rua de Baixo

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