quarta-feira, 17 de junho de 2015

“Se me Restasse Apenas uma Hora Para Viver”
de Roger-Pol Droit

Os livros não se medem pelo número de páginas


Homem que reflete como poucos a estoica aventura daquilo que se ousou chamar de pensamento contemporâneo, o francês Roger-Pol Droit divide o seu tempo entre a investigação filosófica, o jornalismo (é colunista no Le Monde e em outras publicações francesas) e a escrita de livros, atividade que encontra eco por terras portuguesas através de títulos como “Voltar a Ler os Clássicos”, “A Companhia dos Filósofos”, “O Que é o Ocidente” e agora este “Se me Restasse Apenas uma Hora Para Viver” (Editorial Planeta, 2015).

Tratasse de um livro diferente sendo, como o nome indica, um permanente estado de urgência com “apenas” 72 páginas onde o autor pergunta-nos o que fazer se apenas nos restasse 60 minutos de vida, 3600 segundos até ao último suspiro.

O que faríamos nesse lapso temporal? O que pensar? Recordar o passado ou investir no presente fátuo de forma intensa e inexorável? Estas são algumas interrogações propostas pelo filósofo francês que avança com alguns pontos de vista, perspetivas essas que são um desafio ao pensamento de eventuais e arriscadas respostas em nome próprio.

Através de uma narrativa na primeira pessoa, Droit lança pensamentos frenéticos, de alguém que “sente” a vida terminar mas que tem o discernimento lírico de criar uma obra que promove o sabor da vida e arrisca viver na plenitude cada segundo. Nas suas palavras, não se aprende a morrer, pois essa é uma dimensão irrepetível, mas podemos aprender a viver, a aproveitar cada momento, a deixar uma marca.

“Se me Restasse Apenas uma Hora Para Viver” conduz-nos para a essência de estar a viver num limbo dramático mas consciente, num cenário que permite traçar planos onde a verdade é o maior trunfo com Droit a conseguir, com destreza, escapar a lugares comuns, clichés e valores garantidos.

Mas também há lugar à crítica, à inércia de pensamento, principalmente daqueles que não planeiam fazer um debate de si mesmos, através de um empenho em forma de discussão filosófica, tranquila e sempre com profunda fundamentação quotidiana e na fronteira entre a racionalidade e um sentido marginal.

In Rua de Baixo

Sem comentários:

Enviar um comentário