quarta-feira, 11 de junho de 2014

“God of War Collection”
PS Vita

Revisitação espartana 



No mundo das consolas existem duas eras: a. GOW e d. GOW. Corria o mês três de 2005 quando a primeira aventura do impiedoso guerreiro espartano Kratos chegou ao universo da PS2. De perfil angustiante e aura invencível, este fiel servo dos deuses do Olimpo personificava aquilo que os amantes de jogos de ação na terceira pessoa esperavam.

Inspirados na dinâmica e ideologia de jogos como o seminal “Prince of Persia”, os técnicos dos Estúdios de Santa Mónica mudaram as nossas vidas para sempre através de um jogo que mistura muita aventura, mitologia, ação e um espírito de perceção pragmática explorada através dos magníficos puzzles que Kratos tem de enfrentar durante a sua demanda.

Dois anos volvidos, também em março (todos os jogos da coleção têm este mês como data privilegiada de lançamento), surgia “God of War II”. Se o primeiro jogo da saga encantou, este segundo tomo é, sem qualquer dúvida, um dos melhores jogos de sempre para qualquer plataforma.

Sim, é difícil esconder a emoção quando de fala da saga GOW, mas a sua qualidade e emotividade inerente dificilmente encontrou, até hoje, paralelo. Fruto desses predicados, em 2009 a Sony decidiu lançar estes dois jogos na PlayStation 3 num único disco e em formado HD (posteriormente lançados juntamente com o terceiro tomo da saga) e hoje, nove anos depois do seu lançamento, chega a vez da PS Vita.

Mas será que quase uma década depois um clássico como GOW ainda é pertinente? Atentemos então perfil do ambiente deste jogo. É um dos mais emblemáticos exemplos de combate multifunções onde a noção “hack-and-slash” é competentíssima, os puzzles roçam a perfeição, apresenta uma competente dinâmica de plataformas e o argumento está acima de qualquer suspeita. A todo isto junta-se uma espetacularidade ímpar que é capaz de deixar a testa suada a qualquer jogador que tente desesperadamente ganhar um combate em confronto com um boss.

O ambiente criado em volta de Kratos é de grande beleza e a (magnifica) banda sonora torna a ação ainda mais épica. Em terra, no ar ou debaixo de água, o “nosso” raivoso espartano serve-se de combos mortais e de um leque de armas que vai juntando à medida que evoluiu na aventura. Aqui e ali há ainda lugar para momentos de alguma luxúria…

Defeitos? Poucos ou nenhuns. Virtudes? Infinitas. E é com essa noção que sentimos “God of War Collection” na PS Vita. Ainda que não seja novidade fazer de Kratos numa plataforma portátil (saíram já dois títulos para a PSP. A saber: “Chains of Olympus” e “Ghost of Sparta”) é sempre uma delícia ter essa possibilidade.

As novidades, tal como se esperava, não são muitas mais ainda assim supera as expectativas comparativamente como o que aconteceu com, por exemplo, “The Sly Collection”. As potencialidades da Vita fazem com que se utilize o painel traseiro para abrir arcas e portas mas, por vezes, a tarefa é traída pela excessiva sensibilidade da função, algo que também acontece quando se tenta gravar a caminhada de Kratos. No que toca a outros comandos, em substituição dos “L3” e “R3” temos o já referido painel touch-screen, também em termos frontais, que dá uma ajuda na ativação dos poderes como The Rage of Gods ou Rage of the Titans, bem como noutras ações secundárias.

Mas talvez o maior pecado desta versão Vita é uma aparente falta de cuidado com a remasterização total. Ainda que graficamente o jogo esteja mais atrativo que na versão original criada para a PS2, as “cutscenes” parecem vídeos de qualidade duvidável retirados do youtube. Senhores da Sony, este clássico merecia mais atenção neste ponto.

A displicência vai ao ponto do ecrã diminuir o seu raio de ação aquando dos referidos momentos vídeo. Não deixa de ser muito incoerente quando tal acontece numa edição supostamente melhorada em termos de grafismo e apresentação.

Felizmente que tal não afeta em nada a jogabilidade dos dois jogos e para quem nunca teve oportunidade de sentir a emoção da saga parece o momento indicado para ser atingido pela epifania chamada “God of War”.
Preparem-se horas de sofreguidão aguda de consola na mão, seja pela primeira vez ou em modo nostalgia. Aproveitemos os troféus conseguidos e demos o melhor uso às lâminas do caos. Os deuses não perdem pela demora…

In Rua de Baixo

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