O lado negro, mas divertido, da força
Remonta a 2009 o primeiro episódio da saga “Borderlands”, um jogo que combina a filosofia dos tradicionais FPS com alguns elementos RPG, o que levou alguns a apelidar a criação da Gearbox Software como o primeiro Role-Playing Shooter.
Hoje, passados quase seis anos e três edições, “Borderlands: The Pre-Sequel!” confirma o sucesso do universo Borderlands, possibilitando este título ao jogador assumir a pele de alguns dos mais interessantes vilões da série e (re)viver assim algumas aventuras que tiveram lugar em episódios anteriores.
Mas, desta vez, o papel principal cabe a Handsome Jack, o mau da fita em “Borderlands 2”, uma figura tão viciante quanto odiável que torna este universo particular ainda mais interessante, nomeadamente num episódio que começa em Pandora e termina na Lua, com inexplicáveis cambalhotas no argumento.
E tal como em todos os outros momentos da série, “Borderlands The Pre-Sequel!” segue uma filosofia que mescla humor (negro) com ação e momentos de alucinante velocidade, aqui sinónimo de estrambólicas missões. A juntar a isso há novos veículos, cenários, armas, personagens e outras formas de jogar.
Entre modos de jogo cooperante e mecânicas de RPG, ancorados em bizarras habilidades, “Borderlands The Pre-Sequel!” faz a ponte com “Borderlands 2”, mas ao contrário dos gigantescos passos para a Humanidade dados por outros, os criadores da 2K Australia optaram por pequenas marchas rumo ao…caótico vazio.
Construído com base no motor gráfico do episódio anterior, “Borderlands The Pre-Sequel!” tem uma jogabilidade familiar, mantendo alguns dos seus (de)feitos especiais. Alguns personagens continuam a manifestar uma animação rígida e pouco dinâmica com texturas espartanas mas, por outro lado, existem novos ambientes, personagens, inimigos para explodir, habilidades para desbloquear e um enredo louco para seguir. Para além disso, a rapaziada bem-humorada da 2K Australia, fez questão deixar a sua marca no que à verbalização diz respeito e, espante-se, na lua de Pandora fala-se com sotaque do país dos cangurus.
Outra novidade assinalável é a jogabilidade em terrenos lunares, especialmente quanto ao modo Kit Oz, uma “aplicação” que permite ao personagem respirar (melhor) assim como dar um duplo-salto. Confusos? Ainda bem. Ora vejamos, combinando com níveis de gravidade reduzida, o Kit-Oz aumenta a verticalidade e permite uma maior ousadia de combate. É assim permitido saltar para telhados, explorar novos recantos e conseguir preciosidades ocultas. Mas não há almoços grátis. Esta arte requer alguma prática, portanto não desespere às primeiras tentativas. E vai ver que o oxigénio pode ser uma excelente arma para derrotar o mais astuto (ou não) inimigo. Para os mais exigentes e requintados, há sempre a hipótese de partir as máscaras dos inimigos e deixá-los asfixiar lentamente.
O material bélico em “Borderlands: The Pre-Sequel!” segue o perfil do utilizado em “Borderlands 2”, ainda que os lasers se tenham tornado mais frequentes e assumem-se quase banais os disparos em rajada, enquanto outras armas se assemelham a fluxos contínuos de energia. No calor da batalha, também os elementos são chamados a palco e algumas armas disparam gelo que permitem despedaçar o inimigo. Especialmente divertido é congelar os “maus” no ar e deixá-los cair.
“Borderlands: The Pre-Sequel!” traz mais personagens e com novas skills e estilos de ação. Athena, por exemplo, tem um escudo que absorve os danos do inimigo; Wilhelm tem um par de drones que o protegem e ajudam no combate; Nisha, the Lawbringer, qual cowgirl, consegue aceder a um modo lock-on para maximizar danos. Mas é o “ciclope” Claptrap que atrai mais atenções, fruto de um perfil hilariante que o torna independente de qualquer recurso a oxigénio e o faz dono de armas mortíferas como lança-chamas duplos ou uma mini torre muito especial.
É este quarteto que tem a árdua tarefa de ajudar Handsome Jack a recuperar a Hyperion’s Helios Station, área invadida por homens que pretendem utilizar essa potente arma na destruição da própria lua. Ainda que o objetivo de Jack seja salvar a lua e os seus inocentes habitantes, a narrativa de “Borderlands: The Pre-Sequel!” centra-se mais sobre a sua ascensão e menos sobre uma eventual transformação de vilão a herói pois, no fundo, Jack é e sempre será um escroque divertido.
Quanto mais se joga a “Borderlands: The Pre-Sequel!” mais surge uma dúvida existencial: ou jogamos a história principal ou embarcamos por uma via alternativa (existem missões secundárias cujas recompensas são irrelevantes mas permitem explorar a envolvência do cenário) onde é permitido, por exemplo, explorar as competências de alguns rockets ou fazer épicos afundanços num cesto de basquetebol de baixa gravidade.
Não sendo um jogo extraordinário, “Borderlands: The Pre-Sequel!” é pretexto para umas divertidas horas de jogatana. No entanto, é impossível não ficar com a estranha sensação de estarmos perante um DLC de generosas dimensões em vez de um novo jogo… Ainda assim, é nosso dever dar uma oportunidade a Handsome Jack para brilhar.
in Rua de Baixo
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