“Don’t think about making art, just get it done. Let everyone else decide if it’s good or bad, whether they love it or hate it. While they are deciding, make even more art.” Andy Warhol
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
“A vida e morte do principezinho”
de Paul Webster
Dizer que o céu é o limite é um chavão utilizado para contextualizar a ambição. Mas, por vezes, estar perto das nuvens pode ser um misto entre o sonho e o pesadelo, entre a vida e a morte.
Antoine de Saint-Exupéry foi um homem que sempre esteve nessa constante viagem aos desafiar os céus e as mentes de milhões de pessoas que têm, em livros como “O Principezinho”, um companheiro que os acompanhou, e acompanhará, ao longo de toda a vida.
Ainda que tenha apenas vivido 44 anos, Saint-Exupéry abraçou o acto da existência com uma desmesurada noção de aventura. Por entre momentos de felicidade e tragédia absoluta, a fama do autor de “O Principezinho” cresceu, maioritariamente, não quando verbaliza pensamentos em forma de livro mas sim ao desafiar a gravidade enquanto um piloto-aviador de tendências impulsivas e solitárias.
Quando o final da Segunda Guerra já era sentido por muitos, em julho de 1944, um avião de reconhecimento da Força Aérea Francesa foi dado como desaparecido. O rápido e moderno P-38 Lightining de fabrico norte-americano, que estava ao serviço dos Aliados, sumiu sem deixar rasto, dando assim origem a um dos mais românticos mistérios da história recente. O piloto desse avião era Antoine de Saint-Exupéry.
Fruto de um espírito aventureiro e sem nunca virar a cara à luta, a vida de Saint-Exupéry ficou marcada por inúmeros actos fascinantes e episódios únicos registados num dos períodos mais controversos da história de França.
Através de uma narrativa repleta de sentido e com um assinalável dinamismo factual, “Antoine de Saint-Exupéry: Vida e Morte do Principezinho” (Vogais, 2014), de Paul Webster, mostra um pouco da faceta mais escondida de um homem que tanto representava a aristocracia galesa, exibindo mesmo o título de Conde, como revela, sem pudores ou filtros, um perfil aventureiro através da mestria da escrita e da desmesurada vontade de rasgar o azul do céu.
Tendo por base uma investigação cuidada e muito meticulosa, Webster, conceituado jornalista que foi durante mais de três décadas correspondente do jornal The Guardian, em Paris, consegue uma excelente e empolgante biografia que vai encantar não apenas os fãs de Saint-Exupéry escritor como também de uma figura incontornável da cultura europeia.
Dividido em três partes (De 1900 a 1930, de 1931 a 1939 e de 1939 a 1944) e com um curto mas interessante epílogo que versa sobre as buscas ao malogrado piloto, “Antoine de Saint-Exupéry: Vida e Morte do Principezinho” revela pormenores da vida familiar e social de Saint-Exupéry, dos quais se salientam incursões sobre a sua infância pouco feliz, assim como dos conturbados anos de um casamento pautado pela ausência e infidelidades por parte de um homem que sobrepunha a paixão pela aviação ao matrimónio. Webster faz ainda alusão à ascendência profissional de um piloto mal-amado pelos colegas, traçando também uma tangente ao histórico dos acidentes de Antoine enquanto ao comando de várias aeronaves.
Também a obra maior do Saint-Exupéry, “O Principezinho”, não foi esquecida por Webster e esta biografia revela alguns segredos sobre as personagens do livro que viu chegar aos escaparates a sua primeira edição em 1943, cerca de um ano antes do desaparecimento do seu autor.
In deusmelivro
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