“Don’t think about making art, just get it done. Let everyone else decide if it’s good or bad, whether they love it or hate it. While they are deciding, make even more art.” Andy Warhol
terça-feira, 10 de maio de 2016
“Fogo Mortal”
de Nelson DeMille
Os números não enganam: mais de 100 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, um dos três autores mais lidos, posição cimeira nos bestsellers do New York Times. Estas proezas têm em comum o nome de Nelson DeMille, responsável por títulos como “O Jogo do Leão” ou “Força Divina”.
Aproveitando esse filão criativo chega-nos “Fogo Mortal” (Marcador, 2016), mais uma aventura do destemido John Corey, ex-detective de Homicídios da Polícia de Nova Iorque e, agora, agente da Brigada Federal Anti-terrorista. Desta vez, o leitor viaja até outubro de 2002, um ano após o 11 de setembro, numa altura em que os órgãos de comunicação norte-americanos dedicavam particular atenção ao Presidente Bush e à iminente invasão dos Estados Unidos da América ao Iraque.
Enquanto se vive um ambiente conturbado e a sede de vingança é por demais perceptível, o agente especial Harry Muller, também ele ex-detective do Departamento de Homicídios de Nova Iorque, é destacado para uma missão cujo objetivo é vigiar o Clube Custer Hill, uma sociedade secreta composta por alguns dos homens mais poderosos dos Estados Unidos da América e cujos planos incluem uma poderosa retaliação com o nome de código “Fogo Mortal”.
A meio da investigação, Muller é capturado e feito refém. No seio da organização acaba por conhecer Bain Madox, presidente e proprietário do Custer Hill Club – assim como da Global Oil Corporation -, tal como outros membros ilustres da sociedade norte-americana como Scott Landsdale, membro da CIA, Paul Dunn, que integra o conselho de segurança do Presidente, ou Edward Wolffer, Secretário da Defesa norte-americana.
Depois de um período de alguma apreensão, Muller começa a inteirar-se da dinâmica do grupo que se reúne no clube, constatando que os seus membros colocam a hipótese de existir uma ameaça nuclear em solo norte-americano. Sabe o grupo que, depois do colapso da União Soviética, vários territórios se armaram de bombas nucleares “portáteis” e o perigo ronda a cada instante.
A juntar a este terrível realidade, Muller toma também conhecimento de um protocolo nascido aquando da administração Reagan, de nome “Fogo Mortal”, que determina que qualquer resposta nuclear das forças norte-americanas pode ser decidido sem a autorização do Presidente – e que tem no mundo islâmico um dos mais prováveis alvos. Mas será toda esta estratégia uma forma de bluff? Desconfiados de todas as movimentações norte-americanas, os serviços de espionagem árabes tomam conhecimento de “Fogo Mortal” e reagem.
Ciente que qualquer domínio do mundo árabe pode significar o controlo da produção de petróleo, Madox e aliados sabem o poder que está em disputa. E nada melhor que provocar os extremistas islâmicos com ataques planeados em algumas áreas estratégicas. Os ecos do Vietname pairam nas memórias de alguns dos veteranos do Clube Custer Hill e a sede de vingança faz crescer a sede de violência.
Estão assim lançados os dados para mais uma explosiva aventura com John Corey no centro das atenções, com DeMille a construir um palco assustadoramente real – ainda que as doses de ficção, principalmente de aspecto geo-político, sejam generosas.
Fazendo uso dos habituais e crispados diálogos, DeMille consegue em “Fogo Mortal”, o livro, aumentar os níveis de sarcasmo de Corey, personagem que tem no restante elenco que o cerca companheiros ideais para a construção de uma narrativa repleta de sentido de acção e velocidade cinematográfica – ainda que com alguns apontamentos algo previsíveis, sem dúvida um dos (poucos) pontos fracos deste livro.
Outro dos trunfos de DeMille é a contextualização de uma sociedade ainda muito afectada pelos efeitos nefastos do 11 de setembro, principalmente entre as forças de segurança norte-americanas, que têm um decisivo papel em toda esta trama e tentam, à força, lamber feridas e cicatrizá-las definitivamente.
In Deusmelivro
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