“Don’t think about making art, just get it done. Let everyone else decide if it’s good or bad, whether they love it or hate it. While they are deciding, make even more art.” Andy Warhol
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
“Bolota”
de Yoko Ono
Cantora, artista plástica e cineasta, a japonesa Yoko Ono ficou, acima de tudo, conhecida por ser a ex-mulher de John Lennon e, para muitos, a principal responsável pelo fim dos The Beatles. Mas tal epíteto é manifestamente injusto.
Depois de uma juventude dividida entre o Japão e os Estados Unidos da América, Ono decidiu fixar-se em Nova Iorque no início da década de 1950. Foi nessa cosmopolita metrópole que conheceu alguns dos maiores vultos da cultura vanguardista entre os quais se destacava, por exemplo, o músico John Cage.
De profundo espírito independente, rejeitaria o apoio e o apelo da sua milionária família para regressar ao Japão, optando por ensinar arte japonesa e música em algumas escolas públicas norte-americanas. Paralelamente, está na génese da formação de um novo movimento vanguardista denominado Fluxus, onde explorava ideias que juntavam conceitos dadaístas e construtivistas.
otalmente embrenhada na exploração da arte enquanto forma de expressão universal, Yoko Ono lança em 1964 o livro “Grapefruit”, obra que exemplificava o expoente da arte conceptual através de uma nova filosofia e perspetivas. Hoje, quase cinco décadas depois, Ono regressa com “Bolota” (Pergaminho, 2014), uma espécie de elemento de continuidade face a “Grapefruit”, que nasceu para integrar um evento de uma plataforma online e, depois, assumiu a forma de livro. No fundo, o propósito foi, nas palavras da autora, «viajar numa máquina do tempo que me transportasse para a forma antiga de fazer as coisas.»
Como uma semente que deve ser enraizada nas entrelinhas da história de Yoko Ono, “Bolota” condensa pensamentos, poemas, meditações e desenhos (entre a bizarria e a abstração) ponteados da japonesa, que assim incita à reflexão. As palavras fluem de forma serena e mordaz e ao leitor está reservado um papel fruidor e humanista que possibilita uma viagem entre o céu, a terra e a cidade, passando por tangentes face às estações do ano, à magia dos sons e silêncios ou à própria vida.
in deusmelivro
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