“Don’t think about making art, just get it done. Let everyone else decide if it’s good or bad, whether they love it or hate it. While they are deciding, make even more art.” Andy Warhol
segunda-feira, 27 de junho de 2016
“Os Últimos Sete Meses de Anne Frank”
de Willy Lindwer
A História recente tornou um relato como “O Diário de Anne Frank” num dos livros mais comoventes e importantes de todos os tempos, assumindo o estatuto de importante testemunho de um dos seus períodos mais negros. Aquilo que seria apenas uma forma de a pequena Anne tentar ordenar o caos (e a dor) que reinava na sua cabeça, é um autêntico marco da “literatura” em forma de quase confissão.
Muito se tem falado, escrito ou visto sobre o rescaldo do Holocausto mas, ainda assim, continuam a existir algumas pontas soltas, pormenores que podem fazer a diferença no estranho acto de tentar entender a razão de tamanhos e desumanos actos.
E é essa (tentativa de) contextualização que levou o cineasta holandês Willy Lindwer a escrever “Os Últimos Sete Meses de Anne Frank” (Vogais, 2016), que pretende reunir mais peças do puzzle que se tornou o percurso da família Frank em plena Segunda Grande Guerra. O livro surge na sequência do documentário televisivo homónimo – que teve honras de ganhar um Emmy -, mas cujo título pode remeter para alguma incongruência ou assumir-se como algo forçado pois, o seu conteúdo, transcende a pessoa de Anne, sendo no mínimo estranho dizer-se no prefácio do livro que todas as testemunhas conheceram Anne Frank – quando, num caso em particular (Hannah), a entrevistada nasceu depois da sua morte.
Para o documentário e livro Lindwer falou com seis mulheres, todas elas assombradas pelo fantasma comum da guerra e do stress emocional associado e que, de uma forma mais ou menos directa, tiveram contacto com Anne Frank ou os seus familiares,nos últimos sete meses da sua vida em Westerbork, Auschwitz e Bergen-Belsen – mas que conseguiram algo que a pequena Anne não conseguiu: sobreviver.
O resultado são seis poderosos testemunhos cujo conhecimento vem ajudar a perceber melhor o infernal quotidiano dos judeus à mercê do III Reich. Utilizando políticas de intimidação sem precedentes, Hitler construiu um rasto de devastação humana, e são esses testemunhos que estão bem presentes nestes seis relatos que mostram alguns traços que extravasam aquilo que Anne Frank escreveu no seu famoso diário, revelando mais dor, violência e crueldade humana.
“Os Últimos Sete Meses de Anne Frank” centra-se essencialmente nas memórias de Hannah, Janny, Rachel, Bloeme, Lenie e Ronnie, revelando uma outra profundidade da perversidade do genocídio nazi e que pode, nas entrelinhas, aproximar o leitor do universo de Anne Frank.
In deusmelivro
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