“Don’t think about making art, just get it done. Let everyone else decide if it’s good or bad, whether they love it or hate it. While they are deciding, make even more art.” Andy Warhol
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
“O Assalto”
de Daniel Silva
Enquanto está em Veneza a restaurar um retábulo de Veronese, Gabriel Allon pensa na vida. Dani, Chiara e Leah não saem da cabeça do espião israelita. Mas, esse momento reflexivo, é interrompido por uma chamada urgente da polícia italiana.
Julian Isherwood, o excêntrico negociante de arte londrino, deu de caras com o cenário de um brutal assassinato e é, agora, o principal suspeito. Para salvar a sua honra, recorre aos préstimos de Gabriel, seu amigo de longa data. Allon vê-se assim envolvido numa misteriosa trama e não tem outra alternativa senão encontrar o rasto dos homicidas, assim como procurar uma das mais emblemáticas obras de arte entretanto desaparecidas: a Natividade com São Francisco e São Lourenço, uma das obras maiores de Caravaggio.
Naquela que é uma das mais perigosas e fascinantes missões que já esteve envolvido, Allon é obrigado a percorrer o mundo e a entrar nos submundos do crime. Essa demanda levará o israelita a uma discreta instituição bancária austríaca, onde um perigoso ser gere a fortuna de um dos mais cruéis ditadores do século.
Para o ajudar nesta intrincada aventura, Gabriel conta com uma corajosa jovem que sobreviveu a um dos piores massacres da história da humanidade e tem, finalmente, a oportunidade de vingar-se de uma dinastia que lhe roubou familiares e amigos.
Basta folhear duas ou três páginas de “O Assalto” (Bertrand Editora, 2014), o décimo quarto livro da série Gabriel Allon, para voltar a sentir o peculiar universo de Daniel Silva. E o sentimento é de alívio, um conforto que apenas os fãs do espião israelita, restaurador de arte nas horas vagas, entendem depois de muitas horas agarrados ao prazer da escrita de um dos mais excitantes e assertivos contadores de estórias que misturam enredos de espionagem e thriller.
Mais uma vez somos transportados para uma viagem ao mundo obscuro da espionagem, desta vez com estreitas ligações ao Médio Oriente e ao complexo mercado paralelo da arte, que nos leva a percorrer Itália, Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Suíça, Áustria, Israel e Síria.
Pelo meio de um maravilhoso discurso narrativo – “O Assalto” é, sem dúvida, um dos melhores livros de Daniel Silva – há espaço para assassinos, velhas videntes, generais de dúbia intenção, assaltantes de peças de arte e quadros desaparecidos, a cultura Baath e a Primavera Árabe. Esses pressupostos servem (também) de pretexto para o escritor norte-americano contar um pouco da história de quadros, pintores e ambientes que marcaram o mundo (da arte) nos últimos séculos.
Em um dos períodos mais intensos da sua vida, Gabriel Allon assume-se neste livro num personagem cada vez menos unidimensional, à beira de uma nova forma de redenção, cuja complexa alma alberga inúmeros fantasmas. A par de Allon, o grande destaque vai para a construção do perfil de Jihan, uma mulher que reflecte a luta de um povo sem meios para se defender de um inimigo que corrói, corrompe, rouba e mata.
E, por falar em personagens, Daniel Silva consegue transformar Allon, Chiara, Lavon, Shamron ou Navot numa verdadeira família, daquelas que fazem falta, das quais se sente saudades e se espera ver em breve, sentimento esse que também se aplica a uma próxima aventura deste maravilhoso coletivo pois, a partir do momento que se lê a última linha de “O Assalto”, aquilo que se pergunta é: para quando outro livro de Daniel Silva?
In deusmelivro
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário